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Teatro e dança promovem inclusão de pessoas com deficiência em Porto Alegre e Canoas

Em meio ao tablado do Teatro do Sesc Alberto Bins, no Centro Histórico de Porto Alegre, 16 artistas seguem as indicações da professora de dança Bianca Bueno em mais uma semana de ensaio. A sessão é a primeira após o retorno do grupo teatral de uma apresentação na cidade de Santo Ângelo, na região gaúcha das Missões. Assim o Humanista conheceu a Fábrica de Sonhos – Arte, Inclusão, Diversidade e Pertencimento, grupo que estimula, através do teatro e da dança, o desenvolvimento artístico de jovens com deficiência intelectual ou física.

A coreógrafa pede para que a turma imagine uma cinesfera, uma área tridimensional imaginária ao redor do corpo, para que procurem explorar e extrapolar todo o espaço que cada um consegue alcançar. A dinâmica subsequente envolve a formação de uma roda, seguida por práticas em duplas e o contato corpo a corpo, estimulando o olhar e o sentir o outro.

“Começamos nos enxergando, nos olhando, de maneira que todo mundo fique atento a quem está naquele momento. Vamos dando essa responsabilidade para que os jovens sempre permaneçam atentos uns aos outros, e com foco no que está sendo proposto e na dinâmica que virá a seguir”, explica Bianca Bueno. “Percebendo a falta de espaços no teatro e da dança, buscamos oportunizar que pessoas com deficiência, com habilidades diversas, possam se desenvolver dentro da área que desejam. A ideia é ter a pessoa com deficiência nesse lugar de protagonismo”, acrescenta Paula Carvalho, atual diretora artística do projeto, que, em 2018, se uniu a Bianca para começar a “fabricar sonhos”.

Estimativas feitas pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), com base na Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) de 2022, apontam que o Brasil tem 18,6 milhões de pessoas com deficiência, considerando a população com idade igual ou superior a dois anos. Esse número representa 8,9% de toda a população brasileira. A porcentagem se eleva para 24% quando incluímos aqueles que enfrentam alguma dificuldade em termos de mobilidade, visão ou audição. Apesar do quantitativo expressivo, ainda é raro encontrar indivíduos com essas características atuando em cima dos palcos.

Além da Fábrica de Sonhos, o Humanista visitou também o estúdio Andança, localizado na zona Sul de Porto Alegre, composto por cerca de 70 alunos, dos quais 20 são PCDs, e a Companhia Trivoli, em Canoas, na região metropolitana da Capital, onde aproximadamente 60 jovens com e sem deficiência sobem ao palco e dão início a um percurso sempre ritmado. A Trivoli faz parte da Associação Legato, que visa a inclusão nas artes como uma ferramenta de oportunidade.