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Bienal do Mercosul anuncia artistas e espaços da sua próxima edição

A Fundação Bienal do Mercosul divulgou nesta terça-feira, 19, a lista de artistas e espaços culturais que receberão a mostra no próximo ano. Tendo como conceito central a ideia de “Estalo”, a exposição tem abertura marcada para 27 de março de 2025 e se espalhará por 18 diferentes espaços em Porto Alegre, sendo alguns deles inéditos na programação da Bienal.

O conceito curatorial da exposição tem como principal objetivo lidar com a noção de transformação. Em um estalar de dedos e em um breve fragmento do tempo, nossos corpos e a natureza, por exemplo, passam por transformações de diversas magnitudes. Das metamorfoses que surgem silenciosamente em nossos organismos aos movimentos bruscos e ruidosos – viver é sinônimo de nunca estarmos em um lugar estável e seguro.

Durante 66 dias, a mostra se espalhará pela cidade, reunindo obras de 76 artistas de diversas regiões do mundo, apostando nos intercâmbios entre os diferentes contextos sociais e linguagens artísticas como uma forma de se aproximar da multiplicidade das experiências entre arte e vida.

Ao longo de dois anos de trabalho, a equipe artística liderada pelo curador-chefe Raphael Fonseca, além dos curadores adjuntos Tiago Sant’Ana e Yina Jimenez Suriel, e da curadora assistente Fernanda Medeiros, desenhou um programa de exposições e atividades que trazem para a cidade de Porto Alegre uma grande diversidade de obras, interesses e visões de mundo sugeridas pelos artistas reunidos. São projetos artísticos que refletem seus contextos geográficos e culturais em um campo que vai do interesse pela abstração a projetos mais documentais. É esse zigue-zague de diferentes pesquisas artísticas que interessa essa edição da Bienal.

A 14ª Bienal do Mercosul propõe atingir uma quantidade maior e mais diversa de público – investindo numa aproximação da arte tanto com a audiência local quanto global. Esse dado também fica evidente na lista de artistas, que tem uma presença considerável de representantes da América Latina e Ásia. Dos 76 artistas que integram a mostra, cerca de 65% são de artistas internacionais e grande parte dos trabalhos é comissionado.

Além de estar presente em lugares já constantes na história da Bienal como o Farol Santander, o Museu de Arte do Rio Grande do Sul e a Usina do Gasômetro, esta edição se caracteriza por estar presente em outras regiões da cidade como nos bairros da Lomba do Pinheiro e Restinga, em unidades do Estação Cidadania, além de estarem também, pela primeira vez, na Cinemateca Capitólio, no Pop Center, no Museu do Hip Hop e na Fundação Vera Chaves Barcellos, em Viamão. Acredita-se que, desta forma, o evento se amplia e forma um novo público na região da Grande Porto Alegre.

Raphael Fonseca reitera a vocação da Bienal em estabelecer conexões com diferentes geografias: “Porto Alegre e o estado do Rio Grande do Sul são espaços multiculturais com muitas camadas de complexidade cultural e histórica. Nada mais justo que uma edição da Bienal do Mercosul também possa, dentro dos limites de qualquer grande evento dedicado às artes visuais, espelhar essa diversidade e contribuir com um maior conhecimento de tão interessantes artistas por um público amplo”, afirma o curador-chefe.

Educativo, Programas Públicos e Publicações

Além de sua dimensão expositiva, a Bienal do Mercosul se destaca por sua curadoria educativa, que visa aproximar a mostra principal de públicos diversos. O programa educativo se desdobrará em atividades como seminário, rodas de conversas, cursos de capacitação de professores e mediadores, e na produção de material pedagógico que incluirá textos e imagens de educadores-pesquisadores. Com isso, a Bienal se propõe a ser um espaço não apenas de fruição estética, mas também de formação e trocas significativas. A curadoria educativa, assinada por Andréa Hygino e Michele Zgiet, se baseia em conceitos como a roda e o giro enquanto práticas de constituição comunitária.

Também uma novidade na 14ª Bienal do Mercosul, é a curadoria dos Programas Públicos, assinada por Anna Mattos e Marina Feldens. Será realizada uma série de atividades que ativarão diferentes centros culturais, museus e espaços públicos da cidade de Porto Alegre, através de palestras, eventos, exibições de filmes, festas, saídas de campo, oficinas e muito mais.

Além dessas atividades, a 14ª Bienal do Mercosul organiza duas publicações concebidas a partir de uma perspectiva transversal à proposta curatorial. A primeira delas será lançada na abertura da exposição e tem como objetivo trazer para a conversa reflexões que se relacionam com as abordagens conceituais da 14ª Bienal, dando especial atenção às discussões sobre o sistema perceptivo da espécie humana. Ela será composta por ensaios e textos literários encomendados a autores como o escritor gaúcho José Falero, a neurocientista Andrea Gómez, o físico quântico Iordanis Kerenidis, o escritor Karim Kattan e a artista e dj Hannah Katherine Jones. O segundo, a ser lançado no final da Bienal, é o catálogo. As publicações são gratuitas. Ambas estarão disponíveis também em formato digital no site da Bienal Mercosul.

A identidade visual desta edição foi elaborada pelo Estúdio Margem, sediado em São Paulo. Recorrendo a cores presentes nos espectros da refração da luz e utilizando de mistura de fontes de diferentes períodos da história da tipografia, o Estúdio propõe uma imersão em cores vibrantes e saturadas que conferem um frescor à marca da bienal. Enquanto isso, o pensamento arquitetônico e projeto expográfico da Bienal são assinados por Juliana Godoy, que dá prosseguimento ao seu interesse em sugerir uma unidade espacial e narrativa visual mesmo com um projeto dessa envergadura que lida com espaços tão diferentes entre si.

Instituição

Após o adiamento da Bienal do Mercosul, em decorrências das tragédias climáticas que acometeram o Rio Grande do Sul em 2024, os desafios para a mostra se intensificaram e a Fundação da Bienal do Mercosul reitera o seu desejo em continuar realizando um trabalho com impacto social, fundamental na revitalização cultural do RS, como reforça a presidente Carmen Ferrão: “Temos a missão de colocar a Bienal do Mercosul no foco da arte contemporânea internacional. Entre tantos desafios e conquistas, em outubro a Bienal tornou-se membro da International Biennal Association (IBA) e seguimos acreditando que tudo se fortalece pelo alcance formador e transformador de nossos projetos disruptivos.”

A 14ª Bienal do Mercosul é viabilizada pelas Leis Federal e Estadual de Incentivo à Cultura, patrocínio master Santander e Banrisul e apoios premium de Renner e Blue Ville . É uma realização da Fundação Bienal do Mercosul, Ministério da Cultura e Governo Federal, com financiamento do sistema Pró-Cultura da Secretaria da Cultura do Governo do Estado do RS.

Criada em 1996, a Fundação Bienal de Artes Visuais do Mercosul é uma instituição que tem como missão desenvolver projetos culturais e educacionais na área de artes visuais, adotando as melhores práticas de gestão e favorecendo o diálogo entre as propostas artísticas contemporâneas e a comunidade. Reconhecido como o maior conjunto de eventos dedicados à arte contemporânea latino-americana no mundo, oportuniza o acesso à cultura e à arte a milhares de pessoas de forma gratuita.

FONTE: https://www.correiodopovo.com.br/arteagenda/bienal-do-mercosul-anuncia-artistas-e-espa%C3%A7os-da-sua-pr%C3%B3xima-edi%C3%A7%C3%A3o-1.1553917