O projeto de empreendedorismo socioambiental Moda Alegre apresenta uma mostra no shopping Iguatemi com roupas e acessórios produzidos por mulheres em situação de vulnerabilidade social, moradoras de comunidades de Porto Alegre. A exposição tem coleções inspiradas nas culturas japonesa, africana, brasileira e contemporânea, além de destacar o processo de upcycling a partir da reutilização de tecidos.
Cada item é resultado de um processo de aprendizado, pesquisa e dedicação das integrantes do projeto, que combinam técnicas tradicionais com uma abordagem consciente e sustentável.
A coleção “Japonesa” apresenta peças em puro linho e algodão, além de trabalhos em tear, crochê e bordados livres, enquanto a “Africana” utiliza tecidos tradicionais de Kapulanas, 100% em algodão estampado.
Outro destaque é a “Brasileira”, que foi inspirada nos desafios enfrentados pelo RS neste ano e apresenta customizações para celebrar a resiliência e a força dos gaúchos. A tecelagem reforça o vínculo com o artesanato local e as tradições manuais.
Também integram a mostra as coleções “Contemporânea Portuguesa”, incluindo peças atemporais, com cortes diferenciados e cores que transitam entre o clássico e o moderno, e a “Infantil”, com itens acompanhados de mochilas e pequenas bolsas, todos em tecidos reutilizados.
Transformação econômica e social através da moda
A história do Moda Alegre começou em 2017, na comunidade do Morro da Cruz, quando a advogada e empreendedora social Tainá Vidal entrou em contato com grupos de artesãs e costureiras que estavam em busca de uma renda extra. O projeto foi lançado oficialmente em 2019, focando no empreendedorismo, com a capacitação de mulheres que vivem em comunidades em situação de vulnerabilidade social e ambiental.
O programa oportuniza o desenvolvimento de habilidades cognitivas e psicossociais. O resultado é a inclusão em diversas áreas, com geração de renda, desenvolvimento pessoal, aprimoramento técnico e educação socioambiental, simultaneamente.
A iniciativa, que já impactou mais de 500 mulheres na capital e na região metropolitana, conta, na turma deste ano, com 55 participantes – destas, 16 apresentam suas criações no shopping Iguatemi.
“Queremos promover a transformação econômica e social que a moda permite, potencializando o empreendedorismo e o empoderamento feminino com a formação de mulheres líderes em suas comunidades, para que elas possam ser multiplicadoras dos conhecimentos. Assim, impactamos a comunidade inteira”, destaca Tainá Vidal, CEO do Moda Alegre.
“Valorizamos as histórias das mulheres potencializando suas atuações como empreendedoras e profissionais, além de ressignificarmos o trabalho das costureiras, fortalecendo o seu papel na cadeia completa da moda no Estado.”
Neste ano, o projeto também contribuiu para a reconstrução do RS depois das enchentes, unindo a questão social com a economia circular. “O Moda Alegre transforma vidas com empreendedorismo sustentável e inovação social no ramo da moda ao promover a valorização e a autonomia de mulheres de comunidades de Porto Alegre, muitas delas atingidas pelas enchentes de maio”, diz Denise Costa, advogada e diretora do projeto.
“O programa propicia a integração entre desenvolvimento humano, social e técnico e responsabilidade socioambiental, contribuindo para a reconstrução do nosso Estado. Seus resultados comprovam a importância da visão holística de transformação e regeneração do ser, do saber e do fazer.”
A expertise socioambiental do programa foi criada com o Centro de Inteligência Urbana de Porto Alegre (Ciupoa), ONG que trabalha há 15 anos as cidades frente às mudanças climáticas. “No Moda Alegre, atuamos com Trilhas de Conhecimento alinhadas com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) da ONU, sobretudo o 5 (identidade de gênero) e o 10 (redução das desigualdades)”, informa Tânia Pires, presidente do Ciupoa.
“Nossa missão é desenvolver as habilidades cognitivas e psicossociais dessas mulheres – por meio de capacitações técnicas em temas como educação socioambiental, práticas de ESG, assessoria de carreira, corte e costura industrial, empreendedorismo e educação financeira, entre outros.”